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segunda-feira, 12 de julho de 2010

O Garoto da Copa

Tiago Leifert - Foto: Gustavo Azeredo

Fui apresentado a duas sensações da Copa do Mundo ao mesmo tempo. Não exatamente na hora marcada para a entrevista — virar sensação do Mundial e ser tão requisitado dá nisso —, vejo Tiago Leifert tentando dominar a Jabulani no corredor da Globo, em frente ao estúdio onde apresenta a “Central da Copa”.
A falta de domínio com a bola não é culpa daquela que virou a vilã dos goleiros, mas de um problema no menisco. “Eu e o Zico”, brinca ele. Com a Jabulani no pé, Tiago é um ótimo apresentador de televisão. Diante das câmeras, mostra uma desenvoltura rara. Não segue um roteiro fixo e aboliu o teleprompter — Willian Bonner tem o seu para apresentar o “Jornal Nacional”. Filho de Gilberto Leifert, diretor de relações com o mercado da Globo, ele se sente em casa na TV.
— Tinha 8 anos quando meu pai começou a trabalhar aqui. Cresci dentro da televisão. Me encantava e, ao mesmo tempo, me ajudou a tirar o romantismo. Aprendi que os salários nunca são o que a gente imagina, que quem faz sucesso hoje não faz amanhã e que o cara arrogante vai te pedir um favor logo ali na frente — conta Tiago.
Andando pelos corredores da Globo, ele parece candidato em campanha. Brinca e cumprimenta todo mundo. Mas as portas nem sempre estiveram abertas. O começo foi de batalha. De certo, o apresentador só tinha o que gostaria de seguir como carreira:
— No dia do teste vocacional, eu faltei. Avisei que não precisava e fui jogar bola. Sempre soube que queria ser jornalista.
A primeira chance veio na TV Vanguarda, em São Paulo, depois de uma temporada de estudos de dois anos nos Estados Unidos. A ida para a Globo só aconteceu em 2008, quando voltava da cobertura das Olimpíadas de Pequim pelo SporTV.
— Levei muito “não” no começo. Mandei currículo, mas não me ligaram de volta nem olharam na minha cara. Diziam que ninguém começava na Globo — lembra.
Quando as portas se abriram, não demorou para Tiago ganhar a primeira oportunidade como apresentador. A estreia foi em janeiro do ano passado, à frente do “Globo esporte” de São Paulo. O estilo já era o mesmo que o público hoje conhece de sua temporada na “Central da Copa”:
— Causou um pouco de estranheza no começo, mas sou do mesmo jeito com a câmera ligada ou desligada. Dá menos trabalho. Não saberia viver um personagem. Tem dado certo, mas não me acho um bom apresentador.
Pode parecer falsa modéstia, mas Tiago Leifert não parece ser um cara vaidoso. Na hora de posar para as fotos, surpreendeu a equipe ao se recusar a ver o resultado na câmera do fotógrafo — pedido de dez entre dez entrevistados. Ele também não gosta de se ver na TV e diz que só o faz por obrigação.
Para Tiago, ter virado a sensação das transmissões da Copa é apenas um título. Na temporada carioca, foram muitas horas trancado no estúdio gelado do Jardim Botânico e praticamente nenhuma testando sua popularidade nas ruas.
— Antes de a “Central” estrear, fui ao shopping aqui no Rio e nada aconteceu. Não sei como seria agora — se pergunta o apresentador.
Para o assédio feminino, no entanto, não existem barreiras. As cantadas podem vir de todos os lados, inclusive pela internet — Tiago é figurinha constante no Twitter. Nada que tire o apresentador do rumo, porém. Existe aí uma linha de impedimento. Há cinco anos, ele namora a também jornalista Amanda Foschini. Até o fim de 2011 já deverá estar com o uniforme de homem casado.
— Tenho os meus pés no chão. Foi ela quem olhou para mim quando ninguém olhava — derrama-se.
Aos 30 anos, Tiago Leifert ainda mora com os pais e a irmã a duas quadras da Globo, na cidade de São Paulo, onde trabalha. O bom humor que vem mostrando na TV, ele garante, vem de berço.
— Deviam fazer um reality show com os Leifert. Minha família é muito louca! — diz.
Bem-humorado, mas também centralizador. Tiago não é só o apresentador da “Central da Copa”. Ele sempre esteve de olho em tudo o que acontece no programa. Até o cenário passou pelo seu crivo. A grua, por exemplo, ganhou um pescoço de girafa para aparecer melhor na TV, por sugestão dele.
Depois do sucesso na Copa do Mundo, dificilmente Tiago ficará restrito à apresentação do “Globo esporte” paulista por muito tempo. É fato que ele caiu nas graças do público e da emissora. A experiência durante o Mundial mostrou que até um programa de auditório ele poderia apresentar:
— Tudo tem um prazo de validade. Talvez fique mais um tempo no “Globo esporte”, mas não sei o que virá depois.
No fim, fica a impressão de que a Jabulani não é mais leve, pesada ou muito diferente de qualquer outra bola. Já Tiago parece ser aquele sujeito mais franzino da pelada, geralmente o dono da bola, brincalhão, capaz de, de uma hora para outra, marcar aquele gol e decidir a partida. Na Copa da TV foi assim.
— O mundo anda muito chato, a gente precisa se divertir mais — diz.

Tiago Leifert - Foto: Gustavo Azeredo

Um comentário:

Unknown disse...

amei a postagem. Amo Ti! *-*